Clima amigável, resenha pós jogo e como jogar ? “É só chegar e colocar o nome na lista”
No gramado sintético da quadra de futebol society não há uniforme oficial, táticas elaboradas ou árbitros rigorosos. Pelo contrário, há risos, provocações amistosas e a bola rolando solta entre chuteiras mais antigas e outras mais novas. É o “Rachão dos veteranos” do Pinheiros, que reúne diferentes gerações, em um encontro em que jovens e mais velhos se misturam no mesmo time.
“A quadrinha, carinhosamente chamada, é um lugar de confraternização e desportividade há mais de 50 anos. Passaram e passam várias gerações de sócios pinheirenses: de avós a netos, é um ambiente familiar e de jornada esportiva, com disputas, rachas e jogos de altíssimo nível. É um orgulho participar deste ambiente acolhedor e de muita desportividade”, detalhou Stefano Conte, associado do Clube desde 1971.
Quando as equipes estão postas para iniciar a partida, o que se vê de um lado são os mais experientes, que levam consigo a memória de inúmeros domingos e quarta-feiras inesquecíveis. Do outro, os jovens, dribladores, ágeis e que acreditam que a vitória virá de um lance plástico, como um elástico entre as pernas do adversário – Aliás, a famosa ‘caneta’ está entre os dribles mais executados numa manhã de domingo – A diferença de idade, entretanto, desaparece no primeiro toque na bola. Basta a “gorduchinha” rolar para que todos sejam os mais talentosos jogadores.
“Para mim é uma felicidade poder jogar aqui com o meu filho. Eu fui pai um pouco mais velho e aproveito cada segundo que tenho aqui. Talvez eu não tenha muitos anos de futebol pela frente, então quanto pudermos jogar junto, é melhor. É uma alegria”, relata Ednei Delfin, que compartilha o jogo na companhia de seu filho, Dante Delfin.
No apito de início de partida, ouve-se: “10 minutos, hein!”, gritado de longe. Dentro de quadra, o início de mais um jogo significa também o reencontro de histórias. Alguns não se viam há anos, outros chegaram há pouco tempo. E quando perguntam como que faz para jogar ? A resposta é simples: “É só chegar e colocar o nome na lista”, informam os jogadores. Mas, atenção às datas: às quartas-feiras, das 17h às 19h30, e aos sábados e domingos, das 7h às 10h30.
“Somos sempre bem receptivos com quem quer começar a jogar. Quanto mais gente nova, melhor. Será uma alegria para gente”, comenta o associado e um dos organizadores, Pedro Lazaretti.
Com bola rolando, inicia também as belas jogadas, os passes plásticos, os erros de domínio de bola, passes errados… tudo o que numa bela e tradicional pelada não falta. Até mesmo os jogadores que não compareceram naquela manhã de sábado, mas que merecem ter sua história contada, como é o caso do Sr. Vianna: Com quase noventa anos, faz parte do rachão. Já jogou pela seleção do exército e também com Pelé, o rei do futebol. “Vianna tem um futebol peculiar e inteligente. Ele joga muito bem”, comenta um dos amigos.
De volta ao futebol, o decorrer da partida significa também a ansiedade pelo final dela. E o porquê ? Não pode faltar a resenha pós jogo: que vai desde um lanche na lanchonete alameda, até um churrasco no final do ano.
“Sempre depois do jogo pedimos um suco de açaí, ficamos conversando por horas ou até mesmo aqui quando fazemos um café da manhã ou assamos uma carne. É uma amizade que transcende o Clube. Nos reunimos também na casa de um ou de outro para assistir futebol, passeamos juntos e tudo mais”, conta Edinei.
“O rachão virou uma tradição geracional que transcende o futebol, é um patrimônio cultural aqui no Clube”, complementa Lazaretti.
Neste Rachão dos veteranos o resultado do jogo não está no apito final. Mas, no abraço, no aperto de mão e no convite para a próxima edição. O que se celebra dentro das quatro linhas não é apenas futebol, mas sim, verdadeiras amizades.
“O convite está feito, quem quiser vir jogar, é só comparecer e fazer parte desta resenha”, finalizou Pedro Lazaretti.
Serviço: Rachão dos Veteranos
Datas:
4ª Feira – 17h às 19h30.
Sábados e Domingos: 7h às 10h30
Fotos: Renan Dantas/ECP